O Susto

Nossas cidades ainda não estão preparadas para deficientes com cadeira de rodas.
Calçadas estragadas, transito irregular, pouquíssimas rampas e, pessoas, carros e motos que não respeitam os sinais e nem faixas.
Pela primeira vez tive que constatar isso na pele. E ‘’na pele’’ é a expressão certa, pois tive meus pés esfolados por uma motocicleta que não respeitou a faixa e veio com toda força para cima de mim.
Nem tivemos tempo de ver o motoqueiro, pois ele depois que me atingiu,voou mais depressa ainda.Que irresponsabilidade! Que desvalorização da vida, que valores perdidos…
Deixou para trás nosso espanto e indignação das pessoas que viram o acontecido.
As sandálias que eu usava naquele momento ainda tem as marcas.Meus dedos só ficaram esfolados e até hoje agradeço por não ter tido os pés quebrados ou amputados.
Rezo diariamente para meu anjo da guarda e com certeza ele está de prontidão ao meu lado ,principalmente quando saio às ruas em minha cadeira de rodas.Minhas acompanhantes têm todo o cuidado possível, mas não fazem milagres.
Algumas rampas já foram feitas e na saída do meu prédio também foi colocada uma faixa de estacionamentos para deficientes.
Se ela é respeitada? Às vezes sim, mas na maior parte do tempo há carros estacionados, inclusive carros oficiais. Que belo exemplo!!!
Incrível como as pessoas são indiferentes aos problemas alheios !
O egoísmo faz com que esqueçam as dificuldades daqueles que precisam de espaço e de respeito para terem uma vida mis tranqüila.
Mas vou levando tudo isso, pensando nas compensações que tenho através de outras pessoas que até fazem muito mais do o esperado .
São humanas, carinhosas, atenciosas.
Muitas delas, mesmo desconhecidas têm um sorriso, como querendo dizer: ‘’Não se preocupe! Deus está ao seu lado’’

Poste no meio da calçada

E… Tinha um poste na calçada!
Preciso dizer alguma coisa?
Só acrescentar: coitada da acompanhante que empurrava a cadeira de rodas pois a calçada era alta.Rampa? Nem pensar!

Tudo é possível quando temos fé

Gisele e Victoria

Essa cadeirante ai é minha mãe.
Pois é. MINHA MAE!

Tenho que escrever e falar com letras maiúsculas – Pois ela é GRANDE. Mede apenas 1,50m (antigamente 1,54m). Mas sua coragem, sua forca de lutar, sua capacidade de superar os obstaculos que a vida lhe oferece e VIVER A VIDA – sao infinitamente grandes – impossivel de se medir.

O depoimento que gostaria de deixar aqui como filha de cadeirante, é que tudo eh possivel quando temos fé e nos deixamos nas maos de Deus.

Durante esta tragetória com minha mãe, agora já de quase 10 anos convivendo com essa doença, aprendi entre tantas coisas o seguinte:
1. que nao adianta nos preocuparmos com as coisas antes delas acontecerem;
2. nao adianta nos lamentarmos pelo que nao temos, pois acabamos deixando de ver tudo o que ainda nos resta e nos é possivel;
3. nao aquilo que queremos é o melhor para nós, mas aquilo que nos acontece;
4. é possivel ser feliz mesmo na doenca – o que faz a diferenca é como a encaramos.

Eu tenho 42 anos. Os melhores anos de minha vida tem sido os últimos anos, desde que minha mãe ficou doente – pois tem sido os anos em que mais tenho crescido espiritualmente e me tornado uma pessoa melhor. Isto devo a minha mãe, assim como quase tudo que conquistei em minha vida.

Meus pais me deram desde de minha mais tenra infância as verdadeiras ferramentas para enfrentar a vida: AMOR, EXEMPLO E DEDICAÇÃO. Obrigada mãe, hoje e sempre. Continue firme pois temos muito a realizar ainda. Sua filha que tanto a ama!

Gisele Borelli Montigny

Sempre faça com orgulho

Como cadeirante, impossibilitada de andar pequenas e grandes distâncias, passei a pertencer a um mundo que tem seu lado interessante, agradável e jocoso.

A chegada da minha pessoa em cadeira de rodas, em determinado lugar, desperta um mixto de curiosidade, surpreza, interrogação e pena muito disfarçada.

O meu conselho a todas as pessoas que precisam usar uma cadeira de rodas é fazê-lo com orgulho, alegria e a mesma pose com se estivesse num Cadilac.

Não tenham dúvidas que dentre as várias perguntas, restará mais uma;
- Como é que ela faz isto com maior naturalidade, alegria, disposição e de uma certa forma até de orgulho!
Isso depende única e exclusivamente de você.

Regina Helena Germano Sigaud   (74 anos)

Sou cadeirante

Não sou muito chegada a ver televisão.
Escolho os programas de noticias, os de culinária, gosto de boas palestras e vejo também a novela das 21 horas.
Foi assistindo essa ultima do autor Manoel Carlos “Viver a Vida” que me veio vontade de escrever essa matéria. e resolvi colocar em meu blog a categoria Cadeirante.
Contarei como vivo a vida na cadeira de rodas, pois sou cadeirante como Luciana interpretada pela atriz Alinne Moraes.
Quem sabe poderei ser útil a algum internauta!
Foi por insistência de minha filha que abri esse portal.
Concordei achando que depois da minha doença seria uma maneira de evangelizar.
Aqueles que me visitam no blog Caminho da Victoria devem ter percebido que procuro por nele mais coisas para crescimento interior.
Agora me veio a ideia dessa nova categoria
Quero dar a mão àqueles que como eu não se locomovem ou o fazem com muita dificuldade.
Vou tentar real e conscientemente colocar as dificuldades e, porque não dizer as coisas positivas que o uso da cadeira de rodas tem me trazido nesses cinco anos de minha vida.
Através dela adquiri uma experiência fantástica
Aprendi a ter paciência comigo mesmo para depois ter paciência com os outros
E fui entendo que preciso muito da paciência do proximo para lidar com minhas dificuldades
Aprendi a resistir em vez de fugir
Aprendi a sorrir em vez de chorar.